sábado, 16 de abril de 2011

Cegueira, Blindness!

Acabei de assistir ao filme Ensaio sobre a Cegueira (Blindness, 2008) do brilhante diretor brasileiro Fernando Meireles, e tentei analisá-lo, mesmo não tendo lido o livro - e foi uma tarefa não tão fácil.
O filme conta a história de um homem que um dia fica cego, cegueira essa que é branca como mergulho em leite, e que aos poucos, vai afetando a todos que ele tem contato, até formarem um grupo que é levado para quarentena, completamente isolada da sociedade.
O problema é que a cegueira branca se alastra por todo o mundo, causando uma epidemia que traz mortes, devastação, abandono e crises, fazendo o mundo literalmente parar.
Só que uma mulher, uma única mulher, não adquire a doença e acaba se tornando líder deste grupo, que é composto pelo medico que é marido dela, pelo primeiro homem que ficou cego e sua mulher, por um homem velho, por um menino e por uma mulher com óculos escuros. Ao longo da história eles passam por dificuldades e testes de sobrevivência, julgamentos morais e éticos, vingança, medo, solidão, traição entre outros, que são inerentes ao ser humano; tudo através do olhar desta única mulher.
O mais interessante que percebemos neste filme é a forma sutil, porém extremamente intensa com que as imagens nos trazem a total agonia que as pessoas passam neste momento de crise. Sim, porque a epidemia causa um pandemônio sem fronteiras decorrente da cegueira. Percebe-se também que o ser humano pode até ter regras e segui-las à risca, mas em momentos de desespero, perde a total consciência dessas regras, passa a criar novos costumes, uma nova maneira de encarar os fatos e se torna egoísta, agressivo; pode matar. Entretanto, se une em prol da melhora, se firma em valores e gestos pequenos que para eles são enormes, sente vontade de conhecer mais as pessoas como elas realmente são, e não as julgando simplesmente por olhá-las.
A cegueira de fato não existe, mas existe o não querer ver o que está à nossa frente, o tapar de olhos para o mundo, para questões relevantes, mas pequenas no dia-a-dia, a vontade de se desvanecer tudo que julgamos não necessário, e isso fica claro a partir do momento que o medo de estar nessa condição desaparece. Vale a pena conferir, e ler o livro (o que farei o mais rápido possível).